terça-feira, 21 de julho de 2009

[Crises de consciência?]

Querido diário,

Acho que estou com um parafuso a menos. Só posso estar... Eu que sempre apregoei a bandeira da fidelidade e da lealdade, ando com raiva de mim mesma por não estar a conseguir controlar-me. Se me visse de fora, batia-me. Chamava-me todos os nomes possíveis e imaginários e corria a apontar-me o dedo ao mesmo tempo que dizia não vales nada. Porquê isto agora? Porquê? Porquê? Porquê? Valerá a pena correr o risco enorme de perder o que tenho de melhor, para alimentar um capricho? Mas por outro lado, sei lá se é só um capricho... É mais forte do que eu! Não posso dizer que procurei enganar quem quer que fosse, mas se as coisas estão a acontecer desta maneira, a culpa é minha e só minha.
Procurei não dar muita importância ao que aconteceu no Sábado. Até para poder conviver mais ou menos de bem com a minha consciência. Não pensei muito nisso, procurei não pensar. Almocei com as gals no Domingo, rimos, gargalhámos, metemo-nos na vida umas das outras, comentámos as últimas da moda, da bolsa, da política e do futebol, e sempre que me vinha à boca a tarde com o meu ex, retraí-me.
Até que no meio das considerações acerca da colecção que o Jimmy Choo vai ter na H&M, em Novembro, saíu-me. Traí o ...! Assim, curta e grossa. Silêncio. Aquele horrível silêncio. Até que a I., prática como sempre pergunta
- Se foi bom, caga nisso, e se puderes repete!
E a S. continuava de boca aberta. A L. sorria de nervoso miudinho. A C. brincava com os talheres com aquele olhar reprovador que eu já imaginava que teria.
- Não foi bom, não... Porque me soube a pouco. Não só gostei como quero repetir.
Depois a S. contou-nos que também já traíra o namorado, com um colega de trabalho, e que não só tinha sido bom, como tinha apimentado a relação que tem em casa.
E o medo de ser apanhada, onde fica? Deixa-se em casa, segundo a I. Não se embarca numa aventura destas com medo. É como que dar um mergulho na piscina. Ou é de cabeça, ou nunca mais é.
Ignorei a minha confissão, ignorei o que elas pudessem pensar do assunto, ignorei a vontade enorme de mandar uma mensagem a quem não devia para lhe dizer que tinha vontade de colar os meus lábios nos dele e sentir tudo aquilo outra vez, ignorei até o telemóvel para não cair em tentação. E o Domingo passou.
À noite, já na cama, tentei acordar o meu homem da sua apatia, com a lingerie nova que comprei na Sexta-feira. Beijei-lhe o pescoço, passeei as mãos pelo peito despido e sussurrei-lhe ao ouvido que me apetecia fazer amor. Como resposta tive um amanhã, amor, hoje estou muito cansado, e adormeci com os dedos em mim, numa dança silenciosa mas intensa, num vai e vem que me fez vir duas vezes e com o pensamento ancorado nos lábios que me tocaram no Sábado, e nas mãos que me afagaram os seios com fulgor.

*****

Ontem (e hoje um bocado) continuei a tentar ignorar o desejo de fazer amor com ele. E tentei também esquecer as mensagens. Mas esta tarde foi impossível. O jogo recomeçou e - meu Deus! - como sabe bem. E agora, mais do que nunca, livrei-me das crises de consciência. Que se lixe! Sou uma mulher cheia de vontade de experimentar sensações, de experienciar arrepios que deixam qualquer um sem fôlego. Estou viva, sinto-me viva, e quero viver...
Quero tocar-te, quero saborear-te, quero dançar contigo o ritmo dos primatas, selvagem, quente, descontroladamente. Quero sentir-te, levar-te às nuvens, dar-te a conhecer o Nirvana, e adormecer depois, no teu peito forte, com o sorriso de quem sabe, de quem sente, que foi bom e que valeu a pena.

A tua
Miss Shining

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